"Mar Novo" é mesmo título roubado à minha querida Sophia de Mello Breyner Andresen.
É um livro que comprei há muitos anos com um resto de dinheiro que não tinha sobrado mas que estava livre na carteira da época para me fazer voltar a casa felicíssima da vida.
'Banho de Espuma e Pedras' foi inventado por mim no dia da nossa mais recente "revolução"."Liberdade" foi o poema que li quando voltei a casa:
"Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade."
15 de Setembro 2012
Foi o dia em que Portugal começou a 'falar' a sério aos políticos - estou fartinha deles até às pontas dos meus cabelos (e atenção que são compridos!). Não sei escrever crónicas ou assim... e que falem na terceira pessoa. Faria uma boa figura se soubesse mas, no mínimo há uma coisa que sei: cada vez mais detesto o dinheiro e aquilo que a falta dele faz às pessoas, alterações comportamentais que origina e, tudo o que traz à superfície da esfera do mau carácter quando a vida económica não corre na direcção da riqueza.
Felizmente, há muito fiquei imune e, o muito e o pouco já não me altera o estado de espírito. Pode alterar ou condicionar a liberdade exterior... mas só essa! No entanto, fico sempre mais triste e decepcionada quando vejo alguém achar-se no direito de "vender a mãe" ou "roubar o pai" quando a vida económica não lhe corre bem.
Apesar de alguns contratempos, espero bem que Portugal continue a saber falar desta forma pacífica porque, embora estejamos todos a pagar demasiado caro as decisões governamentais para travar agora o melhoramento social a que já estávamos habituados, decerto será bem pior se optarmos por violência. Porque violência só gera mais violência e afectará a vida de todas as gerações - avós, pais, filhos, netos, bisnetos e por aí adiante. E aconteça o que acontecer, importante mesmo é conseguirmos manter a sanidade mental e a liberdade de pensamento que leva ao sonho necessário à mudança e ao melhoramento pessoal e consequentemente social.
Nesse dia estive a trabalhar. Estava um dia de calor brutal e um céu azul lindo. No resto de tempo que me sobrou fugi para o meu mar (como sempre) e deparei-me com um imenso nevoeiro na praia. A temperatura estava boa e decidi aproveitar o que tinha só para mim - paz, liberdade e muitas pessoas a partilhar um dos meus paraísos. Nesse dia de trabalho, tinha acabado de receber a energia positiva e uma gota de esperança de duas pessoas super bem dispostas que eu não conhecia mas que de imediato deu para sentir que estava "pré-programado" pela vida para que tal acontecesse. Percebi que essa energia e essa gota de esperança também faziam falta àquele dia através do pouco que posso fazer.
Circularam na net e no facebook aquelas maravilhosas fotos da miúda gira a abraçar o polícia... Isso sim!!! Sempre!!!
Isto não!!! Nunca mais, please!
Acho importante que nos mantenhamos pacíficos! Já temos exemplos que cheguem do que acontece nos outros países... é mesmo melhor ficar pelas reticências - poupam-me repetições, saturação da vossa parte e evito estar para aqui a fingir que sou inteligente e que percebo alguma coisa de política internacional.
Andamos todos assim:
amolgados e de língua de fora com o peso de todo o aparelho governamental e instituições privadas que ordenam e usurpam a nossa vida para que eles possam "ser quem são". Não está certo, não!!! Apesar de Medidas de Austeridade, TSU's, aumentos de IRS's, IVA's e o diabo a não sei quantos sete para a frente e para trás... ainda estou estupidamente cheia de esperança e ainda acredito que "all together now" talvez consigamos com inevitável sacrifício concretizar um milagre.
E, quando digo "all together" referi-me a TODOS mesmo! A começar pelos políticos sem excepção, directores de grandes empresas e outras sangessugas que nos provocam uma anemia social extrema e que nos deixa prostrados, doentes e sem força anímica ou moral para ripostar condignamente a quem de direito.
Tenho a certeza de que actualmente e sem qualquer doutoramento feito à pressa seria capaz de orientar melhor o país do que aquilo que eles estão a fazer... até danço todas as semanas e tudo... não recebo créditos para diplomas por isso mas, sou garantidamente mais feliz do que eles!!!
Qual ordenados do outro mundo e reformas acumuladas..., assim todos querem o poleiro para nos lixar a vida - nem sequer se importam se o galinheiro está carregado de merda e muito menos com aquela que vão ter que fazer para encherem o papo e incharem a crista à contas dos desgraçados dos frangos que já nem se seguram nas pernas.
Bom mesmo, era os cargos políticos serem atribuídos por votação populacional (tipo votação Nova Gente para os Globos de Ouro), receberem um "ordenadozinho" no fim do mês de forma a que não morressem de fome - sim, porque apesar de nos fazerem muito mal e eu ser muito pré-histórica sou anti-violência - e, só seriam economicamente recompensados no final de cada ano se o resultado fosse positivo. No entanto, se cometessem a proeza de "desviar fundos", consoante a gravidade do desvio, seriam presenteados com trabalhos comunitários obrigatórios e gratuitos em prol do desenvolvimento da região que tinham desfalcado ou com pena de prisão como qualquer ladrãozeco pobretanas de "meia-tijela". Talvez fosse muito mais proveitoso... digo eu, que até nem percebo nada disto e que já nem suporto ver notícias, debates e afins.
Já sabia, mas no dia 15 Setembro, tive a certeza que não quero ser obrigada a sair de Portugal para salvar a minha pele e a daqueles que amo. Afinal, é lindo este meu jardim à beira-mar plantado.
Por uma causa maior, para estar com amigos e família e lutar por causas em que acredito serei capaz de dar a volta ao mundo... mas não quero ter de abandonar todos os meus paraísos que descobri neste país que só é pequeno em tamanho territorial e em cérebro governamental. Não quero ter de abandonar o sítio onde recebo o mundo inteiro com um sorriso de felicidade, cheia de orgulho e amor à minha bandeira por dizer que vivo num paraíso de sol, de beleza natural, cultural e que tem muito mais do que 7 Maravilhas para oferecer a quem nos visita.
Nunca ambicionei ser uma pessoa "viajada" - talvez porque nem valia a pena pensar nisso - mas agora, que o mundo inteiro viaja até mim quero ser suficientemente feliz para conseguir continuar a emprestar-lhes a honra e o orgulho que é ser-se português.
Nem imaginam a satisfação que sinto quando os vejo chegar encantados com o que já viram, e quando partem com a felicidade estampada no rosto - alguns até emocionados e com lágrimas nos olhos (tão queridos!) - por terem vivido o nosso país da forma que eles acham que nós vivemos. Mais satisfeita fico ainda quando me dizem que somos um povo amistoso, prestável, alegre e carinhoso com quem chega de novo.
Há dias em que fico com um sorriso sim, mas a pensar o quanto nos sai caro "sabermos ser felizes" no meio de tanta adversidade.
Claro que é importante, termos o mínimo de condições sociais, culturais, ministeriais e mais uma série de coisas terminadas em "ais" mas que de preferência não sejam o barulho das nossas dores...
Claro que também comandamos alguns dos cordelitos das nossas marionetas... mas, convenhamos que é tão fácil perder a motivação e a moral quando remamos contra uma maré gigantesca de senhores e senhoras, cujas ideias reclamam sempre pelos nossos direitos mas cujos actos ficam a milhas das nossas necessidades. NÓS, somos muito maiores, mais válidos e mais fortes do que ELES! Tenho a certeza de que não aguentariam viver um só trimestre da forma que nós vivemos. E com isto, nem sequer estou a referir-me às classes mais desprotegidas... a classe média e/ou "média-alta" também já vai muito mal e cheia de privações.
No dia da "Revolução do Abraço" da menina de caracóis vermelhos ao polícia sorridente, vivi um bom dia de esperança; remexi no meu tesouro de pedras - até veio alguém perguntar-me se eu era entendida em pedras... - massajei os pés na espuma de neve do meu mar e voltei a casa com a certeza de que não me podem prender a imaginação nem o movimento. Decorei o meu estimado livro velho com as minhas pedras novas...
Não me importo de partilhar com o mundo o tesouro do meu Banho de Espuma, onde vou buscar energia e de onde venho sempre com a mochila carregada de "Pedras Preciosas".
Reconheço que talvez tenha feito falta numa qualquer manifestação perto de mim mas, para além de ter tido horário para cumprir, tenho agora de inventar energia, força e motivação para concretizar obras que fazem alguma falta. Algumas delas serão projectos que aqui virei estacionar e de onde partirão em prol de bens sociais e comuns. Portanto, não me enfiem dentro de um "colete de forças" porque eu tenho mais que fazer.
Quero pois, ver as gerações mais novas a fazerem coisas válidas e a não terem de partir por tempo indeterminado para os países de onde são oriundas as pessoas que vão daqui com lágrimas nos olhos e com o coração a pedir para voltarem no ano seguinte... e os que podem voltam mesmo! Quero fazer parte de um Mar Novo de projectos cheios de Pedras Preciosas, inevitavelmente mais brilhantes a cada Banho de Espuma. Quero poder ver "daqui" a vida a amanhecer e a adormecer todos os dias.
Quero...
Só porque me apetece ter esta dádiva.
Quero...
Porque me apetece partilhar com o mundo um pouco do muito que temos.
27.09.2012
Alda Silvestre
Ps. If possible, please use a good translator because this post it's only the beggining for what you're already waiting for ;-) thanks a lot for reading me :-)