18.05.2011 - Primeira Viagem - No Teu dia, Mãe




    Há muito poucos anos estivemos aqui. Os teus olhos sempre sorriram para a natureza, para o mar... sempre achaste curioso que eu gostasse tanto de árvores. Na altura não podias imaginar que é assim mesmo que te vejo: uma Árvore cheia de força e paciência, preparada para aguentar tudo sem sair do lugar; uma Árvore que dá sombra, alimento e aconchego a quem precisa de retemperar forças. Realmente adoro árvores... e a ti também!

    Há largos meses atrás, um dos teus frutos abriu-me esta minúscula porta e disse: viaja! Já que não viajas de outra forma... viaja!!! E iniciou este "Espaço em Branco" para eu poder desenhar e colorir da forma que me apetecer. Sinto essa força vinda não sei de onde empurrar-me quase todos os dias nem sei para onde mas, confesso não andar com muita vontade de viajar ainda que seja a escrever ou 'descrever'. Além disso, reconheço ser um bocadinho (prefiro dizer um bocadinho!) maçadora com os meus assuntos, objectivos, sonhos, pensamentos e projectos. Daí entender ser saudável dar uns descansos a quem gosta de me aturar. Toda a vida me chamaste de "espírito de contradição" por possuir um temperamento tão "fácil e linear", portanto, aos que não gostam de me aturar, sabes bem como lhes será benéfico manter uma "distância de segurança" considerável. Não, não sou um bicho mau! Sou apenas um bicho contagiante e, na verdade, nos tempos que atravessamos não seria nada proveitoso à humanidade ser toda contagiada pelo "dom dos acidentes e disparates". Hoje, apesar de algumas dores, agradeço à natureza teres lutado tanto pela tua existência e por me teres desejado e me teres amado assim - disparatada! Fico feliz por todas as vezes que te fiz rir e sorrir.

    Retomando o raciocínio anterior, decidi seguir o precioso conselho da "totós" e iniciar a Viagem no dia do Teu Aniversário! É complicado para o meu coração, saber que, daqui a poucas horas já não posso receber o teu abraço enorme e reconfortante que só o teu pequenino e magro corpo me podia dar; já não poder receber as tuas "festinhas de gato" deliciosas quando me acariciavas a face ao mesmo tempo que me enrolavas os caracóis do cabelo e dizias: "que rabinhos de porco tão giros fazem os teus canudos..."; morro de saudades dos teus olhos e das tuas mãos magrinhas... e quero apenas dizer que o meu amor por Ti continua igual.

    Sei que muitos de "nós" não entendem o porquê desta dor que teima em não ir embora. Por vezes, nem mesmo eu entendo. Mas não vou fingir que não existe! Nem vou fingir que foi tudo normal e natural como é socialmente suposto. Sei que me programaste para aceitar a mudança... já fingi ser muito forte mas não resultou - sou sempre mais feliz e sinto-me muito mais viva quando aceito o prazer e a dor de cada segundo de vida.
    Agora, está a doer um bocadinho mas, daqui a pouco e, tal como dizias: "já passou!" Esta viagem através deste labirinto de palavras é apenas o princípio do que te prometi. Não sei se o conseguirei cumprir em pleno mas pelo menos aqui fica um dos meus primeiros passos nesse percurso. Será provável que algumas destas viagens fiquem com cara de Diário (mais ou menos agradável) mas não será isso a impedir-me de seguir o instinto, o coração ou o que quer que seja que me comanda. Isto será apenas um depósito nada garantido de coisa nenhuma mas com carácter de liberdade de alma. E, tal como pediste, escreverei por mim e por Ti... de forma a colorir e preencher todos os Espaços em Branco.

 As Tuas Rosas Brancas...